quinta-feira, 20 de agosto de 2015

Onde está a verdadeira essência das manifestações?

Temos visto nos últimos tempos, motivadas pelos mais diversos fatores, mas principalmente políticos, muitas manifestações por todo o Brasil. No dia 16 de agosto houve mais uma edição, a terceira, a exemplo das ocorridas em março e abril deste ano. Não quero aqui entrar no mérito e discutir pontos isolados dos fatos, mas é importante registrarmos informações que considero importantes.

A principal delas é de que algo está acontecendo. Mesmo que em uma leitura panorâmica de todo o período, as redes sociais são o ingrediente novo dos tempos modernos, onde já vivemos quase que plenamente o mundo digital e com interação instantânea, e que ajuda a descentralizar a organização e mobilização da sociedade e que dá, até certo ponto, um caráter mais comunitário e porque não dizer mais democrático do que das mobilizações organizadas por representações institucionais tradicionais.

Mesmo assim, é possível também constatar que agentes políticos partidários estão aprendendo a levar o jogo da disputa eleitoral para o seio dos protestos. Não que não seja legítimo, mas, a meu ver, é justamente o campo político que é o principal alvo do descontentamento de muitos milhares de cidadãos. Embora apresente-se como principal bandeira do chamamento o "Fora Dilma!" ou "Fora PT!", sabemos que as coisas vão muito além.

Seria como querer personificar a culpa por uma sequencia de erros históricos, onde nenhum de nós, cidadãos, está de fora. Claro que temos que considerar a gravidade dos desacertos do governo central, que se utiliza da mesma forma, senão cada vez mais e melhor, da grandiosidade da máquina pública para se auto-promover com efeitos sobre as urnas. Não existe um universo paralelo em que o mundo político organizou-se para locupletar-se das instituições estabelecidas constitucionalmente, sem que isso seja um reflexo da nosso própria sociedade como um todo. Uma questão cultural, que para ser mudada precisa de um processo longo e não menos doloroso.

Enquanto vemos polêmicas e repercussão em cima de aspectos um tanto superficiais das manifestações, como por exemplo o embate em cima de erros gramaticais em cartazes e placas, os verdadeiros males e a verdadeira essência que está provocando estes episódios ganha tempo e pode até passar despercebida. O que realmente importa em termos de agenda, infelizmente em nossa realidade, são as etapas que envolvem o calendário eleitoral. De toda forma, precisamos estar atentos para que nenhum ou qualquer governo faça tudo o que está ao seu alcance para se perpetuar no Poder.

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